quinta-feira, 30 de maio de 2013

Bibliotecônomo



Há algum tempo atrás me disse Bibliotecônomo mas recuei, posto que, no senso comum somos Bibliotecários. Hoje encontrei, na Biblioteca do Centro de Artes e Comunicação, um livro, traduzido do Inglês, datado de 1933, onde li pela primeira vez o termo Bibliotecônomo. Mim perguntei por que até hoje este termo não é usado por Nós? O livro foi traduzido em 1971, e serviu de referência para os primórdios dos estudos da Biblioteconomia com a condição de Ciência. Mas, até hoje, li coisa alguma onde se diga Bibliotecônomo, quem se doutora em Biblioteconomia. Aqui aparece o problema que constatei: quando encontramos o científico da Biblioteconomia tornamo-nos cientistas da informação, e cursamos Ciência da Informação.
Temos que assumir a autoridade que constituirmos. Além do processamento técnico apurado, podemos ser autoridade na edição, e aplicação do material bibliográfico. Mesmo na condição de cientista da informação, ainda deixamos na estante, e ofertamos ao público, material duvidoso, do qual a qualidade não se comenta, e o conteúdo deixa a desejar. Sabotamos nossa profissão em nome do consumismo.  Cheguei a Faculdade em 1977, e até agora, só utilizamos brochuras, sem a capa -dura o livro será sempre isto!
Tanto quanto qualquer profissional, temos que requerer para nós  autoridade para fazer constar nossa avaliação no produto. O livro é apenas um produto que deve ter especificado seu conteúdo, e consequências de uso no rotulo.
É absolutamente inconstitucional exercer a censura, e veto, sobre qualquer forma, mas, é irresponsabilidade, e absolutamente inconstitucional, não a exercer para contento de todos.

Copiei da introdução do livro que refiro uma breve História:
“Nem todo Bibliotecário é chamado a tomar parte ativa na síntese da Ciência da Biblioteconomia”
“Só assim será preservados intactos as fases puramente humanistas dessa atividade como parte da pratica profissional.”
“Os estudos científicos, geralmente, não levam ao desenvolvimento da solidariedade humanitária.”
“O Cientista, pela própria limitação de seu interesse, pode tornar-se arbitrário, dogmático, e intolerante, com relação a tudo que não compreenda.” O caso da Bibliotecária “ranzinza”.
Fica clara a distinção entre: Bibliotecário e Bibliotecônomo. Entendia-se que tanto era necessário para manter a rotina dos serviços técnicos na Biblioteca. Temia-se que, dando à Biblioteconomia a condição de Ciência, tirar-se-ia o aspecto puramente humanitário de seus serviços. Na época, oferecer a leitura gratuita de livros, alcançados apenas por ricos, e nobres, era uma ação solidária. As Bibliotecas públicas eram  Bibliotecas particulares doadas.
Ainda na introdução lemos: “Com o desenvolvimento da Ciência da Biblioteconomia teremos um dia, conhecimentos definitivos sobre questões para as quais atualmente temos de utilizar a opinião subjetiva.”
Mais adiante, em um capítulo, na página 34, a situação é mostrada um pouco mais complexa: “Com relação ao aspecto final que é o efeito da leitura sobre a sociedade, temos mais uma vez que entender a questão da espécie.” (!?) Na verdade espécie, cor, e raça, não justificam atitudes adversas que perturbem o convívio social. A diferença existe, a 'diferenciação' que se faça necessária é o que precisa de toda atenção, sendo consequência de distúrbios de comportamento, é questão de Educação, portanto, comum a todos.

BUTTLER. Pierce, Introdução à Ciência da Biblioteconomia. São Paulo. Ed. Lidador, 1971.pg.:.xi - xiii, 34.